Desde 1 de janeiro de 2018, a China fechou as suas fronteiras à importação de 24 tipos de materiais detríticos (incluindo papéis, plásticos, têxteis). Durante várias décadas, quando o país se abriu ao comércio internacional, esses resíduos, principalmente dos Estados Unidos ou da Europa, foram reciclados por diferentes atores que vão desde empresas familiares até fábricas industriais com dimensão nacional. Mas a China não quer ser mais o «caixote do lixo do mundo» e deseja agora escolher os materiais que entrarão no seu solo em função da sua qualidade.

Esta atualidade internacional revela a economia globalizada do resíduo e da reciclagem que se tem vindo a estruturar progressivamente sobre as oportunidades oferecidas pelas trocas internacionais e de que a China não é o único protagonista.

Trata-se de múltiplas cadeias de atores que, de próximo para próximo, estão envolvidos nestes intercâmbios e transformações materiais em todo o mundo. Estas pessoas construíram os seus destinos individuais e coletivos sobre jazidas de resíduos que continuam a crescer: minas de lixo que eles esperam transformar em ouro.

Como pensar nos desafios socioeconômicos, políticos e ecológicos associados a essas circulações materiais? Os resíduos podem ser considerados indicadores de desenvolvimento ou indicadores de desigualdade? Como entender e contar as histórias das pessoas envolvidas nessas cadeias entrelaçadas: entre arquétipos globalizados e destinos singulares? O que fazer com as imagens circulantes, as torres de comunicação e os imaginários associados a estas práticas de resíduos? Que imagens e discursos produzir e para que fins?

Os debates serão moderados por:

  • Mikaëla Le Meur, antropologista, que concluiu a pesquisa de doutoramento na Université libre de Bruxelles sobre a questão dos resíduos plásticos e da reciclagem no Vietname e coadministradora do Tamis;

  • Jérémie Cavé, consultor-pesquisador independente em ecologia urbana, professor na Sciences Po (Ciências Políticas) em Toulouse e autor da obra “La Ruée vers l’Ordure”;

A oficina é acolhida nas docas pela exposição fotográfica: “La Mise en Image du Rebut. Matières, corp(u)s et pratiques autour des déchets“, apresentada na praça do mercado de 3 a 17 de julho de 2018 pela rede Empresas Urbanas e Resíduos e a Agência Francesa de Desenvolvimento;

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